Editorial

É melhor ser empregado ou empresário?

Juliano Niederauer
21 de março de 2014

Quem escreve este artigo é alguém que já conheceu os dois lados da moeda, ou seja, exerceu tanto a função de empregado como a de patrão. O fato é que, seja qual for a sua escolha, haverá pontos positivos e negativos, os quais devem ser analisados de acordo com o seu perfil pessoal. Você acha que tem perfil para gerir um negócio? Ou prefere trabalhar como funcionário e receber seu salário fixo no final do mês?

Olhar para uma pessoa e indicar qual sua verdadeira vocação não é fácil. É comum achar que um empreendedor é uma pessoa extrovertida, com facilidade de comunicação e cheio de ideias inovadoras para colocar em prática. Porém, uma pessoa tímida, introvertida e aparentemente incapaz, pode tornar-se uma excelente empreendedora. O importante para ter sucesso no mundo empresarial é, acima de tudo, ter muito conhecimento do ramo em que pretende atuar, assim como saber identificar as oportunidades existentes no mercado.

Muitas vezes nossos pais, preocupados com nosso futuro profissional, nos orientam a conseguir um emprego seguro e com planos de carreira: "Faça um concurso público! Você vai ter um emprego fixo, ganhar um valor X e estar tranquilo para a vida toda". Porém, você precisa decidir se quer segurança ou se prefere a independência. Muitas pessoas consideram a vida de empresário mais flexível, pois não devem satisfação a ninguém, podem fazer seus próprios horários e aplicar suas ideias e técnicas de gestão, além de ter um retorno financeiro maior do que trabalhando como funcionário. No entanto, não recomendo a ninguém escolher de forma prematura ser empresário, puramente por achar que ganhará mais dinheiro ou não irá depender de um patrão.

As estatísticas mostram que 40% das empresas fecham em menos de dois anos de atividade, enquanto mais de 60% fecham antes de completar 5 anos de atividade. São números assustadores. Essa alta taxa de mortalidade das empresas, principalmente nos primeiros anos, é justificada por diversos motivos, como por exemplo a dificuldade inicial de acesso ao crédito, o despreparo dos empreendedores e a alta carga tributária do país. Normalmente, as empresas principiantes não têm fácil acesso ao crédito, ao contrário das empresas estabelecidas há mais tempo, que possuem um bom histórico de adimplemento.

Além disso, para que o negócio atinja o sucesso, os empreendedores devem ter um profundo conhecimento do negócio, do mercado e da gestão, incluindo até questões contábeis, gerenciais e tributárias. Isso demanda um amplo estudo e planejamento antes da execução do negócio, o que, na maioria das vezes, não ocorre como deveria. Outro fator importante é ter o conhecimento exato da carga tributária a que a empresa se sujeitará, pois isso influenciará diretamente no custo e, consequentemente, no preço do produto, que é fator determinante para a sua manutenção no mercado. Enfim, ser empresário é poder auferir tanto de bons lucros como eventuais prejuízos. Não existe um ganho certo todo mês. A cada período você pode ganhar muito, ganhar pouco, perder muito ou perder pouco. Trata-se da gangorra do mercado.

Como você pode ver, as dificuldades para abrir um negócio próprio são grandes, aliadas ainda ao risco do negócio não dar certo e você perder todo o valor investido ou até ficar devendo ao banco. Por essa razão, a maioria das pessoas acaba optando por trabalhar como funcionário. Você vai lá, faz seu trabalho, tem seu salário garantido no final do mês, não corre riscos, volta para a casa e dorme com tranquilidade. Conversando sobre esse assunto com um amigo, funcionário de um grande escritório de advocacia, ele me relatou: "Eu nasci para ser empregado! Gosto de ter o meu salário fixo no final do mês e não me envolver com as preocupações do mundo empresarial, pagar funcionários, aluguel da empresa, etc.".

É preciso entender, porém, que existe aquela velha máxima: "O retorno é proporcional ao risco". Quanto mais riscos, mais ganhos possíveis. Quanto menos riscos, menos ganhos, pois foi feita a escolha mais segura. É como um investimento. Se você investir em ações, tem mais risco, mas pode atingir grandes ganhos. Se colocar o dinheiro na poupança, não terá riscos, mas seu retorno será menor.

Isso não significa que, se você for empregado, não conseguirá atingir o sucesso profissional e financeiro. São apenas perfis diferentes de profissionais e ambos tem chances de se tornarem realizados profissionalmente. Afinal, para ser realizado não é necessário ser presidente de uma multinacional. A pessoa realiza-se quando obtém destaque naquilo que faz e recebe aquilo que espera pelo seu trabalho. Logo, se você escolher ser um funcionário, seja o melhor funcionário possível. Se escolher ser empresário, seja o melhor empresário possível.

Portanto, olhe para você e tente identificar qual é seu perfil. Evite abrir um negócio caso ainda não tenha a qualificação ou planejamento necessário. Da mesma forma, saia do seu nível de segurança caso você tenha um bom projeto e acredite que ele possa a virar um bom negócio. Quanto mais cedo você definir seu perfil, mais curto será seu caminho para buscar a realização profissional.

A boa notícia é que esta decisão não precisa ser tomada com pressa. Podemos observar que muitos empresários já foram empregados em alguma empresa. A propósito, este é o caminho normal e mais promissor. Quando você trabalha como funcionário em uma empresa, está obtendo experiência e conhecimento de mercado, além de maturidade para tomar decisões. Assim, fica mais fácil fazer a análise dos prós e contras entre as duas opções de carreira. Após alguns anos atuando na profissão escolhida, você irá mapear por si próprio um eventual perfil empreendedor, para saber se este caminho é o mais recomendado. Afinal, ser empreendedor nunca é uma decisão tardia. Certamente, é mais fácil começar como empregado e depois tornar-se empresário, do que começar empresário e depois tentar entrar no mercado de trabalho como um funcionário.


Este assunto é abordado no livro "Jovem e Bem-Sucedido"

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